VI E VIVI

Vamos falar de arte?
Livres-docentes do tribunal das mídias sociais, e não sociais, passaram as ultimas semanas debatendo o que é arte, quais seus limites, significâncias, etc, etc, de uma maneira que eu não me lembro de ter visto por toda uma vida.
A mim reservei o direito de não emitir opiniões, por acreditar que a discussão era focada e velada demais, envolvendo particularidades que eu não domino. Então resolvi poupar o mundo das minhas ignorâncias.
Mas na ultima semana me reencontrei comigo, com o meu passado, com a real significância do que eu acredito ser arte, então achei que era hora de falar sobre o tema.
Em 2001 eu atuava como jornalista em José Bonifácio e me lembro com clareza de ter ido cobrir um evento promovido pela administração local.
No espaço cultural havia várias telas e peças expostas, criadas por artistas de lá. Eis que durante o cerimonial, o então chefe de gabinete Zaru Antonio de Jesus (in memorián) - que era um exímio orador e com quem eu tive o prazer de travar conversas e debates que duravam horas (éramos dois faladores inveterados) – fazendo uso da palavra, ressaltou: eu não sou um estudioso e nem grande conhecedor de arte, mas o que vi hoje é o que eu considero que seja arte, obras que me emocionaram.
Passados16 anos ainda não achei melhor definição para o que seja arte. O que te move, comove, arrepia, faz sorrir ou refletir, deixa uma lágrima cair. Até por isso o que é arte para mim pode não sê-la pra ti.
E se o mundo gira e estou voltando às origens, foi exatamente meu “umbigo” que me sacudiu com essa emoção no último dia 19.
Como parte da programação do “Desenhando com Gênios da MPB”, que acontece mensalmente no Riopreto Shopping, e tem como enfoque convidar artistas plásticos para produzirem obras baseadas em músicas de ícones da Música Popular Brasileira, Edna Stradioto e Rafael Cubone retrataram suas visões de músicas de Zé Ramalho. Uma grata surpresa que me tirou o ar, literalmente.
Mas o que me deixou mais ofegante vem de onde venho, dessa gente que não é daqui e nem dali, mas lá de Tanabi, rs.
Meu conterrâneo Rafael me deixou inebriada, me alimentou a alma e me levou a viajar por letras, cores, expressões e lugares, que às vezes a gente se esquece de revisitar.
Tudo é encantador, porém não consegui deixar de cantar mentalmente a letra de Admirável Gado Novo, com os olhos transbordando, ao olhar nos olhos desse sertanejo impregnado na madeira. Talvez porque eu enxergue a minha alma na dele.  

Quase 40 anos depois de a música ter sido lançada nós continuamos fazendo parte do rebanho, sendo marcados rotineiramente, tentando fugir da ignorância e acreditando ser felizes. #Arte #ZéRamalho #VidadeGado #PalavaseProvocações #VieVivi

















Foi épico: Silvio Santos existe e é lindo!!!

Quem me conhece sabe: sou fã incondicional do Silvio Santos. Para mim ele é o maior comunicador que esse país já teve, e até que minha geração fique bem velhinha, não surgirá outro que chegue aos seus pés.
Lembro-me de vê-lo na TV desde quando era criança, na época de “Domingo no Parque” e “Show de Calouros”, mas sempre tive predileção pelo “Qual é a Música?”
Fui crescendo e gostando cada vez mais de comunicação, então percebi o seu valor. (Claro que também tem seu lado empresarial, mas não vou tocar nesse tópico).
Quem mais é capaz de parar o Brasil com uma única declaração? Negociar com seu próprio sequestrador? E o carisma? E o lado humano? E olha que sendo prática e racional, muitas vezes discordo de seus pensamentos e ações, mas nada que desabone o que sinto por ele.
Pois bem, nos últimos 10 anos fiz algumas tentativas frustradas que chegar perto dele. Não seria preciso tocá-lo, apenas tê-lo ali, na minha frente. Queria ver se “ele era de verdade”, rs.
Até que no sábado, dia 16 de setembro, eu tive a oportunidade que desejei por anos, e boa parte disso devo a minha amiga Dani, que foi de extrema importância para tornar meu sonho uma realidade.
As coisas no SBT começam cedo. Tínhamos que estar lá às 07h30 e já avisadas que deveríamos ter agenda disponível até 16h30.
Chegamos ao estacionamento; fizemos uma ficha de identificação na entrada e pegamos os acessos ao estúdio 03, onde foi à gravação.
Então passamos pela roleta e embarcamos numa Vã, que nos levou até o estacionamento dos artistas, bem ao lado dos estúdios.
Na recepção do espaço já havia algumas colegas de trabalho, que chegavam em suas caravanas. Novamente é feita uma conferência dos nossos nomes na listagem e, somos admitidas para o espaço.
É hora de receber o kit do lanche, dividido em duas sacolas: refrigerante antártica, todynho, dois lanches de pão com presunto e queijo (um no pão francês e outro no pão de forma), bolacha salgada Pit Stop, waffer sabor chocolate e três chocolates (batom, chokito e twix).
Daí vem o primeiro período de espera. No lugar é permitido comer, beber, conversar livremente, tem o filtro de água e dois banheiros para mulherada. Aliás, muita gente se produz nos banheiros, ficando um tanto difícil o acesso a pia, e quase impossível o acesso ao espelho. É muita maquiagem, pentes, escovas e chapinhas que as “colegas” trazem na bolsa.
Por volta das 09 horas começa um processo de organização feito pela equipe que cuida do auditório. Todas as meninas são extremamente gentis, e com uma paciência nível power.
Então se inicia o treinamento de como se comportar ao entrar no estúdio. Sim, temos aulinha para saber quando aplaudir, quando gritar “eheheheeheh”, o momento de balançar os pompons e os lencinhos, como deve ser a movimentação na troca de lugar durante o programa e, claro, como agir ao pegar dinheiro. (temos que assinar um papel declarando o valor que recebemos)
Mas, acima de tudo, como deve ser o comportamento diante do Silvio e regras que, se forem quebradas, podem fazer com que a pessoa seja retirada do auditório. O uso de câmeras e celulares, por exemplo, é proibido, sem exceções. Me empenhei em fazer tudo direitinho, porque não queria perder aquela oportunidade, nem mesmo que estivesse desmaiada.
É dito e repetido pela equipe, em alto e bom som: não pode ficar chamando o Silvio, não pode puxá-lo, não pode corrigi-lo se ele chamar uma mesma pessoa para brincar mais de uma vez (geralmente ele faz isso por escolha própria, porque é ótimo fisionomista), nada de querer tirar foto com ele, também não pode ficar de pé quando ele vai lançar aviãozinho ou jogar dinheiro, só na hora que ele joga. Tudo isso para evitar acidentes entre as participantes e que envolvam o apresentador (coisa que já aconteceu). Sendo bem frisado durante a aulinha: gente, pode não parecer, mas o Silvio já é bem idoso e não podemos correr o risco de derrubá-lo.
Depois vem a fase da entrega de crachás. No dia em que participei tinham 209 pessoas no auditório, sendo necessárias cadeiras extras.
E se ainda existia alguma dúvida de onde estávamos, é com a chegada do Roque que temos certeza: aqui é o SBT. Antes de entrar definitivamente no estúdio somos recebidas por ele, que é diretor de auditório (de todos os programas). Novamente ele fala do comportamento diante do Silvio, os cuidados para evitar acidentes e as proibições. Agradece intensivamente a presença de todas e, em vários momentos (inclusive na despedida), pergunta se todas estão sendo bem tratadas. Por fim ressalta que: quanto mais animado tiver o auditório, maior a possibilidade do seu Silvio jogar dinheiro.
E finalmente, quando já é quase 11 horas, somos organizadas para adentrar no estúdio e nos posicionar no auditório. Minha sorte (ou santo forte) estava garantida, se em geral ele grava meio programa por vez, no dia 16 foi um programa todinho, ou seja, mais tempo respirando o mesmo oxigênio do meu ídolo mor.
Então vem o aviso que é hora de levantar das cadeiras e começar a gritar: SILVIO, SILVIO, SILVIO, SILVIO... porque ele vai entrar (olho no relógio da parede: 11h15).
É ele, é ele mesmo... bem ali na minha frente, menos de 10 metros de distância. (ainda não começou a gravação oficial, é só o acolhimento dele).
Sorrindo ele diz: bom dia e que podemos nos sentar. E em seguida fala: sejam bem-vindas a esta casa, uma casa que também é de vocês, porque vocês ajudaram ela a ser construída, assistindo aos meus programas e comprando os carnês do baú. (realmente preciso ressaltar esse momento, porque sinto verdade em suas palavras de gratidão, então é extremamente emocionante ouvir). Em seguida ele chama o Roque e faz algumas piadas infames, fala com as caravanas e começa a gravação oficial pelo quadro Bolsa Família.
Um breve intervalo de 15 minutos para que o cenário seja desmontado e ele volta, agora para a abertura oficial do Programa Silvio Santos. Ele está ali, bem no meio do auditório. Minha distância dele agora era de uns quatro ou cinco metros.
Ele seguiu ali, por mais de duas horas e meia, vezes no auditório, outras no palco (gravamos Jogo dos Pontinhos, Jogo das Três Pistas, e pole dance), jogando dinheiro, falando seus despautérios, chamando gorda de gorda, perguntando se a mocinha de barriga sobressalente estava grávida, chamando as músicas da gravadora Cometa, e rindo... rindo muito, até agora ecoa em meus ouvidos seu tradicional: hahaiiiiii, hihi.... enfim, sendo Silvio Santos, que olhando de perto parece até uma pessoa comum, como eu e você, mas que em sua genialidade certamente está muito acima de nós.
Em vários momentos me peguei olhando pra ele, como que hipnotizada, em transe, na verdade era como se eu estivesse em um universo paralelo, onde tudo aquilo era irreal, objeto da minha imaginação, mas felizmente está registrada minha presença no auditório, especialmente quando chego bem na beira, podendo tocá-lo se esticasse meu braço. Quem quiser ver, basta sintonizar no SBT no dia 08 de outubro.
Deixou abaixo mais três tópicos específicos e, caso alguém tiver dúvidas sobre esse dia apoteótico, pode perguntar que terei prazer em responder.

Silvio Santos
Silvio estava usando um terno azul marinho, camisa branca e gravata na mesma cor do terno, que tinha como detalhe umas pedrinhas, ou pontos de luz, que refletiam quando batia a luz. Tudo de excelente bom gosto.
O toque especial eram as abotoaduras de patinho, isso mesmo, patinhos, rs. Silvio Santos sendo Silvio Santos.
Algo que me chamou a atenção estava no ouvido do Silvio. A princípio parecia um ponto eletrônico, mas eu acho que era um aparelho de ouvido. Cheguei a essa conclusão por duas questões: 1- ele não precisa de ponto porque conversa com o diretor para todo mundo ouvir, ou o Liminha que o orienta pessoalmente; e 2 – além do “acessório” estar em ambos os ouvidos me lembro que, até recentemente, ele muitas vezes pedia para as pessoas repetirem o que falavam e dizia que estava ficando surdo.
Ouvi de algumas pessoas que ele era um homem de pele rosa e fiz questão de observar. Não sei se ele ficou mais branquinho com o tempo, ou mudou a maquiagem, porque não vi uma pessoa rosada, mas de pele clara.
Por fim tenho que admitir ter passado vários minutos observando o gestual de suas mãos, e seus anéis de ouro. Silvio é um homem que fala muito, e usa bastante as mãos, é interessante observar seus movimentos. Também posso dizer que a “Nossa Senhora da Plástica” o abençoou. O rosto é muito bem feito, tira o aspecto envelhecido sem dar o tom plastificado. Mas as mãos, sempre elas, mostram exatamente que ele já um homem chegando aos 87 anos.
De lembrança, ao sairmos do estúdio, ganhamos um dinheiro cenográfico com o rosto do Silvio. Algo simbólico que muitos podem até jogar fora, mas eu adorei.

Por que não participei de nenhuma brincadeira?
Bom, óbvio que eu não fui chamada. Mas quero pontuar que: eu não fiz qualquer esforço para ser chamada. Claro que eu poderia ter morrido de berrar e ele não me chamar, mas eu realmente não movi um só dedinho para ser notada, para que ele olhasse pra mim e me chamasse.
Foi tudo muito bem arquitetado na minha cabecinha maluca. Se eu saísse do meu lugar para participar, logo no início, eu iria lá para o final de fileira, e eu queria estar perto dele por mais tempo, não me interessava dinheiro, não fui lá pra isso (claro que eu gosto de dinheiro, mas o melhor da vida não tem preço, e isso não é frase de autoajuda). Fui lá por ele, talvez uma oportunidade única, então eu só tentaria participação em brincadeiras mais para o final, só que ai acabou a gravação e não rolou. E eu tenho a certeza de que fiz a melhor escolha, o que me enche de paz e satisfação.

Pega pra capar
Uma coisa realmente me fez refletir durante a gravação do Programa Silvio Santos, a relação quase doentia que as pessoas têm com o dinheiro.
Imagino que muita gente que estava no auditório, só foi ali para aparecer na TV e tentar ganhar alguma coisa. E também que boa parte do público seja de pessoas simples, sendo que R$ 20 ou R$ 50 realmente possa ajudar na hora de pagar uma conta, ou comprar a mistura da semana.
Mas mesmo acreditando em tudo isso, eu não consigo entender a loucura que as pessoas são capazes de fazer por tão pouco dinheiro, afinal os valores distribuídos não mudam a vida de ninguém.
A cada avião, ou disparo do revolver da fortuna, existe um alvoroço. Muitas mãos em busca de uma nota, e alguns entreveros, unhadas e até xingamentos.
Sim, eu gosto e preciso de dinheiro, mas ainda consigo manter em alta o valor da minha dignidade. Não pretendo me estapear (quase que literalmente) por uma notinha.

Ter um aviãozinho era um sonho, mas tinha em mente que apenas “iria nele” se viesse na minha direção, sem a necessidade de choques físicos desesperadores. Meu objetivo sempre foi ter “o amuleto” e não o dinheiro. Minha amiga Dani conseguiu pegar um, junto com o dedo de uma “colega de trabalho” (rs), mas ambas entraram num acordo amigável, e eu acabei sendo presenteada com o souvenir arremessado por Silvio Santos, o qual pretendo manter em um cofre. #Épico #SilvioSantos #PalavaseProvocações #VieVivi

























A música venceu!!!

Não sou e nunca fui uma conhecedora de música clássica. Admito que ela não ocupa um lugar de destaque no meu cotidiano. Mas eclética que sou, aprecio algumas peças e já assisti apresentações de cordas, piano e até um concerto, ao vivo.

Faz alguns anos que comecei a perceber a existência de um “tal” maestro, o qual conheci pela mídia. Depois me interessei em saber sobre seu trabalho e histórico de determinação. Ele sempre me surpreende quando cruza a minha vida. Cheguei a comprar sua biografia, mas confesso que ainda não li.

João não é mais um no meio de milhares de Joãos que vemos todos os dias. E diferente do que muitos acreditam, ele está longe de ser um amante da música.  Na minha concepção João Carlos Martins é a personificação música: em carne, osso e cabelos brancos.

Apesar da formação clássica, João e a Orquestra Bachiana Jovem Sesi-SP fizeram várias apresentações dos clássicos sertanejos, junto com a dupla Chitãozinho & Xororó.

Já em 2011 o maestro levou a música clássica para o sambódromo de São Paulo. Foi homenageado pela escola de samba Vai-Vai com o enredo “A música venceu”. Vitorioso na vida e na arte, João regeu o desfile, e sua história contada na avenida levou o primeiro lugar no carnaval daquele ano.

Muitas vezes me emocionei com o homem que teve que se fazer maestro, mas sempre desejou ser unicamente pianista.

E depois da noite de hoje, tantas outras coisas fizeram sentido. A vontade de aplaudir de pé, o nó na garganta, as lágrimas brotando e claro, o retrato das loucuras, desventuras e até aparentes doenças que transformam homens comuns em gênios.

“João, o maestro” chegou às salas de cinema de Rio Preto e eu o defino como um bálsamo para a alma. Uma lição de vida, de superação a dor física e emocional.

Eu fico extremamente tocada ao ver pessoas que têm uma razão para viver, e que por ela são capazes de superar qualquer obstáculo, qualquer medo, qualquer dor, mesmo que vida lhe derrube mil vezes, lhe torture com requintes de crueldade.

Obstinado? Obsecado? Eu ainda fico com a definição de apaixonado, porque em seu auge a paixão é capaz de levar uma pessoa a perder o juízo. Só que a música para João não foi uma paixão passageira, ou daquelas que se transforma em amor e apazigua a cólera.

Recomendo o filme para todos aqueles que já encontraram, ou que ainda buscam encontrar, a sua razão de viver.

Eu sei que, independente do que a vida ou o destino tenham determinado, enquanto João Carlos Martins viver, ele dará um jeito de fazer seus dedos bailarem pelas teclas do piano. E mesmo quando ele se for, seu exemplo ficará para as próximas gerações. 


Por fim quero pontuar as atuações dos três atores que representaram João, em diferentes etapas de sua vida: Davi Campolongo, Rodrigo Pandolfo e Alexandre Nero. #AMúsicaVenceu #VieVivi

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