Dramas cotidianos da mulher adulta é o tema central de “Como Nossos Pais”

O filme “Como Nossos Pais” havia me chamado a atenção por: ser brasileiro, e eu continuar confiando e investindo (enquanto público pagante de inteiras) na cultura nacional; pela temática da mulher adulta com seus dramas cotidianos (embora eu acredite que meus dramas são um pouco diferentes, devido as minhas escolhas, mas ainda sou uma mulher adulta e com vários dramas); e ainda por ser mais um trabalho da cineasta Laís Bodanzky, que ganhou projeção depois de “Bicho de Sete Cabeças”.
Fui então acompanhando as notícias a seu respeito. Em fevereiro ele foi apresentado dentro da mostra Panorama, em Berlim.
Passou pelo 19º Festival de Cinema Brasileiro de Paris, em junho, levando o prêmio de público.
E foi um sucesso 45ª edição do Festival de Gramado, que aconteceu em agosto, sendo o mais premiado. Conquistou seis Kikitos (Kikito é o nome do troféu) - Melhor filme; melhor direção - Laís Bodanzky; melhor ator - Paulo Vilhena; melhor atriz Maria Ribeiro; melhor atriz coadjuvante - Clarisse Abujamra; melhor montagem - Rodrigo Menecucci.
A personagem central é Rosa (Maria Ribeiro) que vive um momento de dilemas em meio a um casamento em crise, duas filhas pequenas para educar, uma atividade profissional que não lhe faz feliz e a relação conturbada com os pais idosos.
Digamos que o enredo não tem nada de extraordinário, e talvez sua graça esteja realmente nisso. É uma maneira de ver sua vida (ou uma parecida com a sua) do lado de fora.
A vida de Rosa é mediada, igual a de muitos de nós. Na minha avaliação pessoal o lhe falta é, verdadeiramente, é sua “razão de viver”.
Quando se está de fora é tão fácil ver o que faz bem ou mal para os outros. Consertar suas vidas, aparar as arestas, superar as crises e perdoar as culpas. Mas quando somos parte do enredo tudo se complica um pouco. Definiria isso como VIDA.
Pontuo dois pontos altos na trama. Um deles vem de Clarisse Abujamra (que fez jus a sua premiação) que, ao saber que estava com os dias contados, resolveu não deixar nada por dizer, e nem abrir mão do seu maior prazer. (Sempre me pergunto se seria doentio ou libertador ter essa real dimensão de quanto tempo ainda se tem pela frente)
O outro me soa como definitivo. A protagonista se vê diante um pergunta: você escreve pelo concurso ou por você?
E é isso que tenho refletido: quantas vezes fazemos as coisas por “tal” motivo? E quantas fazermos apenas por nós, pelo nosso mais profundo prazer?
Quanto a atuação de Paulo Vilhena, e até mesmo a importância do seu personagem no contexto geral, ainda não consegui entender a premiação de melhor ator. Quando ele fez um esquizofrênico na novela, vi um show de atuação, mas agora achei que não era pra tanto.
Uma surpresa spoiller: monja Coen da o “ar de sua graça” em uma das cenas.
“Como Nossos Pais”, entrou em cartaz em várias salas do Brasil no dia 31 de agosto. Por ser produção nacional, não sei se ficará mais de uma semana. De qualquer forma, depois estará disponível por ai. Fica como dica para quem gosta de dramas cotidianos.
Deixo ainda o link do trailer, para quem se interessar. #ComoNossosPais #Bocadinho




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